O Rede Minas Memória Séries traz “Índios: Os Primeiros Brasileiros” (1986). O minidoc reúne as três reportagens especiais produzidas pela Rede Minas que trataram da situação dos indígenas brasileiros no final dos anos 80, com foco nos povos que habitavam Minas Gerais.
A série de matérias trouxe um registro de visitas às comunidades indígenas, onde a equipe entrevistou especialistas e profissionais que trabalhavam nelas, levantou questões, reclamações e denúncias, mostrando o cotidiano desses povos.
Premiação
“Índios: Os Primeiros Brasileiros” recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo em 1986, na categoria TV – Documentário/Especial.
Ficha Técnica
“Índios: Os Primeiros Brasileiros” (1986), produção Rede Minas
Direção: Maria Cecília de Oliveira
Reportagem: Joanna D’Arc e Maria Cecília
Narração: Antônio de Pádua
Abertura: Carla Ribeiro, Cynthia Malta e Eduardo Marcondes
Apoio Gráfico: Márcia Larica
Câmera: Nelson Araújo e Eduardo Rocha
Apoio Técnico: Clévio Ferreira
Operação de VT: Adair Araújo e Ronaldo Megale
Edição e Sonoplastia: H. Zadoronsny
O contexto atual
Hoje, o próprio nome da série não está em conformidade com a abordagem linguística atual. Apesar de muitos ainda utilizarem a palavra “índios”, o termo correto para se referir aos povos originários é “indígenas”.
Além disso, décadas mais tarde, muita coisa mudou. Separamos algumas informações que ajudam a ponderar sobre o que mudou e como está o contexto dos povos originários atualmente.
Dados sobre a população indígena
Segundo dados da Funai (Fundação Nacional do Índio), a população indígena em 1500 era de aproximadamente três milhões de habitantes e mais de mil nações.
No Brasil, os dados oficiais mais recentes datam de 2010, quando foi realizado o último Censo Demográfico pelo IBGE. Segundo ele, a população indígena do Brasil era de apenas 817.963 indígenas de 365 etnias diferentes. 502.783 (61%) viviam na zona rural e 315.180 nas zonas urbanas. Em todos os estados do país, incluindo o Distrito Federal, haviam populações de indígenas.
Segundo o mesmo censo de 2010, a região sudeste tem uma população indígena de 97.960. Em Minas essa população é de 31.112 indígenas.
Existem divergências sobre a quantidade de etnias indígenas em Minas Gerais. Oficialmente, o estado possui dezenove povos: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, Catu-Awá-Arachás, Kaxixó, Puris, Xukuru-Kariri, Tuxá, Kiriri, Canoeiros, Kamakã, Karajá, Guarani e Pankararu. Entretanto, alguns censos estabelecem de seis a nove nações indígenas. Muitos desses grupos se deslocaram do norte do país para Minas.
Sobre a Rural Minas
A Fundação Rural Mineira Colonização e Desenvolvimento Agrário (Ruralminas) foi extinta em 2016, por meio da lei 22.293, originária da PL 3.510/16, de autoria do governador Fernando Pimentel. Pela nova lei, as competências do órgão foram distribuídas entre as secretarias de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e de Desenvolvimento Agrário (Seda), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) e o Departamento Estadual de Telecomunicações (Detel).
Sobre os povos indígenas destacados na série
Krenak
O povo Krenak, atualmente, está situado em sua maioria na Terra Indígena Krenak, em Resplendor/MG, numa população estimada de 343 indígenas. Ao longo de sua história, os Krenak têm sofrido diversos tipos de violência e expropriações culturais e territoriais, que acontecem desde o período colonial, quando eram conhecidos como Botocudos.
O rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG afetou de forma significativa a vida dos Krenak, pois para eles o rio Watu – o Rio Doce, na língua krenak – foi morto, impossibilitando suas práticas culturais e de sobrevivência relacionadas com o rio.
Atualmente, lutam pela demarcação de parte de seu território sagrado (denominado de Sete Salões, que se tornou o Parque Estadual Sete Salões).
Pataxó
Em Minas Gerais, os Pataxó vivem em sete comunidades, sendo a principal delas na Fazenda Guarani, no município de Carmésia, onde estão desde a década de 1970. São aproximadamente 335 indígenas numa reserva demarcada de 3.270 hectares.
As outras comunidades são: a Muã Mimatxí, que fica em Itapecerica, num imóvel cedido à Funai pelo Serviço de Patrimônio da União; a Jundiba/Cinta Vermelha, em Araçuaí; e a Jeru Tukumâ, em Açucena.
Xakriabá
Os Xakriabás formam a maior nação indígena mineira, se dividindo nas terras indígenas Xakriabá e Xakriabá Rancharia, ambas no município de São João das Missões, norte de Minas Gerais.
Já na década de 70, os Xakriabá, sofriam com invasões em suas terras e, num processo que durou quase uma década, teve seu território homologado em 1987. O processo foi marcado por violência, com o assassinato de líderes indígenas. Atualmente, existem diversas demandas fundiárias apresentadas por distintos grupos Xakriabás.
Maxakali
Estima-se que a nação Maxakali seja composta por 1.555 habitantes. Sofreram, ao longo dos anos, com limitações territoriais e disputas com fazendeiros pecuaristas, além de diversos problemas de saúde e desnutrição. Atualmente, o principal problema enfrentado por eles é o alcoolismo, que tornou-se grave ameaça à sobrevivência física, étnica e cultural dos indígenas.
A Terra Indígena Maxakali possui cerca de 5.300 hectares e localiza-se a nordeste de Minas Gerais, nos municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas. Abriga uma população dividida em duas aldeias: Água Boa e Pradinho. O território Maxakali, quando demarcado, já se encontrava desmatado e ambientalmente degradado, estando 80% da área ocupada por pastagens. Esta situação dificulta a readaptação territorial dos indígenas, em situação de insegurança alimentar e nutricional.
Fontes:
– http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao
– https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/povos-indigenas/quem-sao
– http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao?limitstart=0#
– https://indigenas.ibge.gov.br/images/pdf/indigenas/folder_indigenas_web.pdf
– https://indigenas.ibge.gov.br/images/indigenas/estudos/indigena_censo2010.pdf
– https://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-tabelas-2.html
– https://indigenas.ibge.gov.br/
–https://www.cedefes.org.br/artigo-povos-indigenas-em-minas-gerais/#:~:text=Atualmente%20vivem%20no%20Brasil%20mais,Gerais%20h%C3%A1%20dezenove%20etnias%20ind%C3%ADgenas.
–https://www.cedefes.org.br/artigo-povos-indigenas-em-minas-gerais/#:~:text=Atualmente%20vivem%20no%20Brasil%20mais,Gerais%20h%C3%A1%20dezenove%20etnias%20ind%C3%ADgenas.
–http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/mg-povo-indigena-krenak-segue-lutando-por-reconhecimento-e-demarcacao-total-de-seu-territorio-tradicional/
– https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3736#direitos
– https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Krenak
–https://documents1.worldbank.org/curated/ar/259191468236979978/pdf/IPP3980SPANISH1Consolidado022012009.pdf
–http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/mg-povos-indigenas-pataxo-lutam-por-regularizacao-fundiaria-adequacao-juridica-do-uso-do-territorio-para-fins-sustentaveis-e-direitos-indigenas-basicos/
–https://documents1.worldbank.org/curated/ar/259191468236979978/pdf/IPP3980SPANISH1Consolidado022012009.pdf
–https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Patax%c3%b3
–https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3665
–http://www.funai.gov.br/arquivos/arquivos1/arquivos1/conteudo/cogedi/pdf/Revista-Estudos-e-Pesquisas/revista_estudos_pesquisas_v3_n1_2/02Xakriaba_%20cultura_historia_demandas_e_planos_Rita_Heloisa_de_Almeida.pdf
– https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xakriab%C3%A1
–http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/mg-povo-maxakali-sofre-as-consequencias-do-ilhamento-territorial-e-degradacao-ambiental-com-alcoolismo-que-intensifica-conflitos-internos-mortes-de-criancas-e-a-grave-situacao-social-dos-maxacali/
– https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/4020#demografia
– https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/4020#demografia
– https://documents1.worldbank.org/curated/ar/259191468236979978/pdf/IPP3980SPANISH1Consolidado022012009.pdf